quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O BATER DAS HORAS

O relógio bate sempre nas horas mais inconvenientes
nas horas das sombras sobre as pálpebras

bate dentro de nós

com os seus nós de madeira

bate para afugentar o azar e o sono



São horas de abrir o vidro das colmeias

porque há uma consciência muito alimentada a pão

e a medo


Todas as culpas mordidas pelo mesmo dente


São horas de arrefecer os olhos

uma

duas

três

quatro e um quatro


Todos os músculos perdem a força

O pêndulo já não sabe se bate para trás ou para a frente


Na verdade, não existem nuvens silvestres

cinco

seis


noite e meia sem intervalos


Neste momento é preciso intervir a favor dos desertos

e dos prados

e dos moinhos

e dos monges do Tibete

e das águias reais

e dos segundos esquecidos


A fome dá sete badaladas na torre

7 comentários:

mac disse...

E 7 é hora do pequeno-almoço.

Mofina, adorei!!!

Blimunda disse...

Tudo em cima - como sempre e nas hora certa, amiga. Chegou a minha.

Privada, o bacoco disse...

Ei muito bom, adoro sempre, E inspira-me isto. Ah a hora, a hora certa Blimunda, nunca sei kd é a hora certa....

* hemisfério norte disse...

de ti
foi

o que mais gostei
de ti
foi

de ti
o que nais gostei

bjs

Cristina Fernandes disse...

Incisivas as palavras, como o bater das horas...
abraço
Chris

privada disse...

Anda , a festa já começou, então

Tiago Moralles disse...

O tempo passa dentro e fora da gente do mesmo jeito.