aos sábados as janelas põem a língua de fora
mostrando ao sol as amígdalas vermelhas dos tapetes
que espirram muito por causa da alergia ao pó
aos sábados as flores são estranguladas
enquanto se muda a água do relógio
e se dá corda ao tédio
porque é dia de arejar as palavras
de abrir as cortinas do sono mais pesado
mudar as sombras e fazer as camas de lavado
perfumar a roupa mais habitável
não esquecer os peixes e os copos de vidro
a fruta morta no cesto amargo
sem teias escondidas nos cantos do mundo
as almofadas viradas do avesso
a consciência cheia de sumaúma
mas
com as cadeiras fora das suas posições
com as cadeiras fora das suas posições
e todos os sítios fora de sítio
já não há lugar para poisas os olhos
3 comentários:
em último caso
poisam-se os olhos na memória
no relógio do tempo atrás
no lugar que foi
em último caso
Tal e qual os gatos :P
O poema tem sequências muito interessantes.
Saudações poéticas
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