José Augusto Silveira |
As fotografias fazem mal à memória
Digo eu, que só tenho olhos para dormir
De resto sou muito esquecida
E ponho girafas e girassóis em tudo
Ainda que não tenha caixas suficientes
Para esconder o mar a preto e branco
Já tive um vestido à marinheiro
No tempo em que escrevia com letras magnéticas
De muitas cores
O meu nome começava em amarelo
E dizia alô num telefone de brincar
Dizia alô porque estava longe
Mas só depois aprendi as medidas de comprimento
Os quilómetros de um voo nem se ouviam
Era como fazer o Atlântico num só bocejo
Para regressar
Para voltar a regressar
E ter sempre a mesma idade apagada
A mesma aparência de inusitada
De cadeira cansada e sem pés
3 comentários:
Finalmente meia dúzia de letras sem uma referência a girafas e a gira-sóis...
Achei muito interessante o poema!
Bjsss
Parabéns Reg., parabéns!
Gostei MUITO da sua escrita.
A sua alma diz-me que nasceu Crescida
e por isso escreve desse modo tão maduro.
Bjs. e sucessos.
Maria Mamede
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