Maria Manuel Rocha |
Fórum Aveiro
De andar para andar
Há pessoas que crescem do chão
Enquanto outras se apagam
Uma mulher, por exemplo, começa a nascer pela cabeça
E lentamente vai ficando inteira
Até à pontinha da sandália Pablo Fuster
Que estranha arquitectura esta
A dos pés rotos nos calcanhares
Um homem, esse, perde metade das pernas
Depois perde os músculos da caixa torácica
Que sobressaem bem atléticos na t-shirt Hugo Boss
E por último são os óculos de mergulhador que se afundam
Há janelas suspensas entre dois
olhares
E um frenético movimento de
avestruzes
Um sorriso multi-uso elabora o
seu desconto
Ganhando um brinde
com sabor a Mon Chéri
Não há regras para o infinito
Num elevador -2
A solidão já não combina com nada
Nem com ganga nem com seda
Oh triste café mexido com pauzinho de canela
O Sol é a moeda de troca mais falsa
Que os deuses inventaram
Agora
o jardim das oliveiras é no último andar
Publicado na revista Folhas – Letras & Outros, 2001
2 comentários:
Tens alguma coisa contra o Mon-cheri? :P
poemísses de marca ;)
a.
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