As pessoas vão e vêm pelas ruas
e a cidade está vazia
As janelas estão abertas
mas as pessoas sentem-se vazias
As árvores estão em flor
mas os pássaros vazios
não sabem onde bater suas asas
porque o céu é um vidro fechado
às rédeas altas do sonho
Ninguém sabe que as ruas estão vazias
porque todas as pessoas
têm os olhos vazios de tanto falar
e ninguém fala porque é feio
falar com a boca cheia de palavras vazias
As pessoas dizem que não cabem na roupa
mas os braços caem das mangas
como navios à beira de um mar vazio
As mangas dão muito pano para o desespero
e o desespero deixa a boca vazia e amarga
como um mar caindo dos braços
As mães levam os filhos ao colo
e falam-lhes de um futuro vazio
Apesar disso
o futuro pesa nos olhos dos filhos
como uma ansiedade viva
que não se pode esquecer nem matar
A esperança enche as ruas desta cidade vazia
e as pessoas vão e vêm
enquanto aguardam o verde
ou o vermelho do destino
e ficam mudas de tanto esperar
1 comentário:
Com tanto vazio resta a esperança.
Que é um sentimento de impotência face à calamidade.
Excelente poema, gostei muito.
Boa semana, amiga Regina.
Beijo.
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