Cada vez mais distante do meu próximo,
incapaz para a vida prática
e lenta na aquisição de ideias eficazes,
aqui estou, em abstractas miragens
sem saber o que é o mundo…
cega para tudo quanto é real
e confusa até nas coisas mais óbvias.
Do meu próximo que posso eu saber
se nada sei de mim,
que humanidade é esta que começa pelo fim?
Ao meu lado, uma cadeira,
como a distinguir do meu próximo?
Pensar, é não encontrar coisa nenhuma
em coisa nenhuma.
Qual a coisa que o meu próximo vê
quando julga que me vê?
Não serei apenas uma imagem daquilo que ele quer,
não serei a que se escolhe por engano
mas que coincide com a que é?
De que sou, sou…
e se sou, assim também o meu próximo.
Mas o meu próximo não está comigo
como está a sua evidência.
Como amar uma evidência?
Como se consegue conquistar
para as nossas causas mais bravas?
Nossas?…
As minhas e as de mais ninguém!
Que no mundo só existo eu
e cada um à sua maneira.
6 comentários:
Este poema é soberbo.
Fez-me lembrar Fernando Pessoa.
Boa semana, amiga Regina.
Um beijo.
Há alturas assim em que sentimos que estamos sozinhos no mundo. Por incapacidade de ver os outros ou porque eles se misturam com o nada que somos? Um poema forte.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Gostei de reler este excelente poema.
Boa semana e bom feriado, amiga Regina.
Um beijo.
Apreciei este seu poema e a temática, que é uma interpelação a nós próprios, sobre o que somos nós e o que são os outros.
Voltarei.
Um abraço.
Passei para ver as novidades.
Aproveito para lhe desejar a continuação de uma boa semana, amiga Regina.
Um beijo.
Bom, vou telefonar para aí. Isso é excesso de muitos espelhos no quarto
a.
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