Pela
boca morrem os poetas.
Autofágicos
de si,
Engolem-se
com um impulso asfixiado de nicotina,
Ferem-se
com as escamas das próprias palavras.
E as
palavras caem, uma a uma,
Gota a
gota, na página agonizante do tempo.
Ai poetas,
poetas...
Que na
pele seca dos vossos corações
Seja
rasgado o sopro de uma harpa
Que, rugindo
alto, nas goelas do vento,
Passe por
entre as rochas mais ásperas,
Mais
pesadas de labirínticas tatuagens...
Mas seja
aí, nessa pétrea nudez
Que as
azáleas mais etéreas se libertem.
Que nada
vos impeça nem do sangue nem da fala,
Respirem
fundo até depurar completamente
O vício
afiado dos vossos olhos taciturnos
Que de
tanto vaguear, perdem o mapa secreto das ruas.
Pela
loucura se substanciam os poetas.
Autóctones
de si,
Procuram-se
por dentro,
Afogando-se
no tumulto torácico
Em que um
diafragma de guelras se agita
Num
bater de ondas e de pensar.
1 comentário:
pela boca morrem os amantes, quando os beijos escasseiam
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