London
Eye
Quiseste
levar-me até às estrelas e eu aceitei. O meu sonho era entrar na roda gigante e
contemplar as luzes da cidade lá do alto.
Subimos
tão lentamente que tivemos tempo para trocar dois dedos de nicotina. Descansei
a cabeça no teu ombro, certa de que naquele baloiçar só nosso, nenhum Deus iria
espreitar.
Desejaria
que a roda parasse antes de atingirmos o topo. Depois de tocarmos o céu, tudo
seria sempre a descer. A decrepitude completa das nossas vidas, da nossa
juventude já tão perdida.
Tínhamo-nos
prometido um ao outro apressadamente, antes dos compromissos que fomos
obrigados a cumprir. Cada um pelo seu caminho, sem cruzamentos nem inversão de
marcha.
Andámos
às voltas por aí, atravessando pontes incertas às horas mais desabitadas. E
quando menos esperávamos, o relógio bateu a noite na cidade por onde
passeávamos ao acaso, mãos nos bolsos, máquina fotográfica a tiracolo.
Reconhecemo-nos pelo jeito distraído de contemplar os abismos da cidade.
O rio
caminhou a par connosco até chegarmos à roda gigante. Quiseste levar-me até às
estrelas e eu aceitei. Tocámos o céu já com um bocejo tão exausto e adormecido. O nosso
breve encontro como sempre, terminou assim que voltamos a pôr os pés no chão.
1 comentário:
decidi ontem voltar a ser blogger, decidi voltar a visionar os blogs que sempre apreciei , aquele voragem do FB absorve em demasia damos por nós a perder horas num turbilhão inútil. Aqui estou de baraço ao pescoço para apreciar o que por aqui se faz e este foi sempre um blog que apreciei.
Um abraço
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