domingo, 13 de novembro de 2011

NÚMEROS DE POLÍCIA



É sempre a mesma rua que encolhe os ombros
Porque não sabe as suas sombra nem as portas
Que tem de guardar dentro dos seus olhos de asfalto

Todos os dias faz a chamada por ordem alfabética
Gémeos, Loba Maior, Peixes, Sagitários...
De Vénus à Praça dos Conquistadores
Há cinco quilómetros de palavras
E tudo é mesmo ali ao virar de um ano-luz
Com os candeeiros públicos sempre acesos
Além de um rés-do-chão para cada morte

É sempre na mesma rua que nascem os pássaros
Com as suas gaiolas penduradas nas orelhas das nuvens
Não há asas mais abertas do que as das pedras

A rua não dá qualquer informação
A quem quer chegar ao centro do universo
Nem se importa que os anjos andem perdidos

Ao fim e ao cabo a rua segue em frente
Em direcção a todas as coisas que ainda não existem