segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

A VERTIGEM DOS PÁSSAROS


Só custa cair
De resto, tudo na vida é lento e infame.
Não há mistério, a porta no seu umbral
Tanto dá como se esquece

Ao cair
Ressurge a ferida do primeiro instante,
O sangue ainda vivo
Ainda tão grande quanto a mágoa

Caído no chão
O tempo ressuscita, ergue-se
Da mão que o mede:
Um nada acima da certeza
Outro tanto de hesitação

Vem cair,
Todas as palavras já deram o seu fruto
Agora podemos ser leves,
Apagar todos os medos do mundo

Só caindo
A morte se atenua e se dilata,
Por ser a substância que ainda falta,
O caminho de tréguas, a rosa toda ampla