segunda-feira, 29 de maio de 2023

PÁSSARO PERFEITO

Não sei abraçar sem morrer

O vento tem ombros largos

Nada me agasalha o peito

Estou despida de tanto voar

De tanto devorar o céu 

Não tenho força para poisar


Não sei morrer em bicos dos pés

Por isso quero um punhal pequenino

Para que o meu coração possa crescer

Além da fresta por onde espreita


Não sei respirar sem tossir

O beijo é fumo a sair pela boca

Nos olhos talvez uma carícia

Filigrana de arame fininho


As asas do meu voo fecham-se

Sobre o peito