segunda-feira, 29 de maio de 2023

PÁSSARO PERFEITO

Não sei abraçar sem morrer

O vento tem ombros largos

Nada me agasalha o peito

Estou despida de tanto voar

De tanto devorar o céu 

Não tenho força para poisar


Não sei morrer em bicos dos pés

Por isso quero um punhal pequenino

Para que o meu coração possa crescer

Além da fresta por onde espreita


Não sei respirar sem tossir

O beijo é fumo a sair pela boca

Nos olhos talvez uma carícia

Filigrana de arame fininho


As asas do meu voo fecham-se

Sobre o peito


14 comentários:

Jaime Portela disse...

Um poema soberbo.
Li e reli, sempre encantado.
Parabéns pelo talento poético que as suas palavras revelam.
Bom resto de semana, com muita saúde e bom tempo.
Um beijo.

Jaime Portela disse...

Li e reli, de novo.
O seu poema é mesmo fabuloso.
Escreva mais e mais, fico à espera.
Boa semana.
Um beijo.

Graça Pires disse...

"As asas do meu voo fecham-se
Sobre o peito"
Termina assim este lindíssimo poema com palavras que compõem imagens muito inspiradoras.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.

Jaime Portela disse...

Não há mais murmúrios...?
Bom feriado e continuação de boa semana.
Um beijo.

Jaime Portela disse...

Não me canso de ler este fantástico poema.
Mas gostava de ler outros...
Continuação de boa semana, cara amiga Regina.
Um abraço.

Jaime Portela disse...

Não há novidades.
Mas eu nunca digo adeus...
Boa semana, querida amiga Regina.
Um abraço.

Jaime Portela disse...

Fiquei mais lento, agora só grito (ou sussurro) às segundas.
Boa semana, cara amiga Regina.
Um abraço.

Jaime Portela disse...

Um gato rasga as paredes
E logo outro e muitos mais

Há gatos no sono profundo
Miando
Com a respiração solta
Sempre a correr
Por cima dos sofás surdo
E dos livros furados ao meio

Um quadro dispara
É mais um gato para a mesa
Enquanto um solitário
Quase tomba as suas flores
Pétala a pétala no chão

Gostei deste seu poema.
Escreva mais e mais...
Beijos.

Anónimo disse...

sei que um dia também terei asas
assim, prometo que te buscarei
para voarmos na orla do meu mar
a.

Jaime Portela disse...

"Mas quando,
no desespero da ausência,
a memória congela,
a visão aninha-se e retorna ao vazio,
as manhãs definham
e os segundos
ficam prenhes de horas escusas."

Por isso, escreve e publica...

Boa semana, cara amiga Regina.
Um abraço.

Juvenal Nunes disse...

Ter asas e poder voar, um sonho que nunca abandonou o homem.
Neste caso, a poesia pode, também, ajudar.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes

Jaime Portela disse...

Quase ateu porque sou agnóstico...
Mas posso rezar, se for preciso. Ainda que a ninguém.
Por que não publica? Estou intrigado.
Boa semana, cara amiga Regina.
Um beijo.

Jaime Portela disse...

A noite passada, quanto a mim, foi o ponto alto da Romaria das romarias. Foi o fogo no rio, um espetáculo imperdível. Acho que foram os melhores 30 minutos de sempre.
Boa semana, cara amiga Regina.
Um abraço.

Jaime Portela disse...

Como não há novos murmúrios das pedras, deixo aqui um excerto de um dos meus murmúrios de há cerca de 2 anos:

Com um murmúrio envergonhado,
inundas a leitura dos meus gestos
e estrangulas vendavais
em demoras calculadas pelo corpo.

Por isso, não demores mais, escreve e publica...

Boa semana.
Beijinhos.