segunda-feira, 31 de maio de 2010

Aqui estou de regresso com uma máxima:

NADA COMO NÃO FAZER NADA.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O ÁBACO DO SILÊNCIO

O futuro vai caindo no esquecimento

A verdade é que não consigo poisar os pés

Nem os olhos por muito tempo

Se o faço fico com dores na fechadura

Porque sou uma porta sem cadeados

Uma porta escancaradamente secreta

Que não leva a nenhum lado


O esquecimento é o vigor mais forte dos dias


Cada pé tem os seus terrenos falsos

E as suas areias movediças

Não conheço gesto mais vincado

Do que a mão quando está cansada

E deixa cair o lápis a espada e a rosa


Todos os fusos horários são lentos


Vou apagar as árvores

Que estão por trás dos castelos

Vou pedir a ajuda de um dragão

Já não tenho medo das rocas

Porque os dedos estão habituados

A acordar por si

Quando chegam ao fim da letra z

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A MÁQUINA DE DAR AO PEDAL

Vivo como se estivesse na costura
As letras são os meus alfinetes e agulhas
Que vou tirando do cantinho da boca
E alinhavando por aqui e por acolá
Passo as linhas brancas
Pelas casas esdrúxulas e abertas
Onde estou sozinha com os meus botões
Não dou silêncio sem nó
Porque com a tesoura corto a eito
Sílabas a mais do que a medida da bainha
No fim sobra sempre manga e pano
Para começar um outro verso
Com um novo e mais vistoso feitio

Sou uma costureirinha aplicada
As nuvens mais esfarrapadas
Caem-me do joelho até ao chão
No pescoço enrolo uma fita métrica
Com ela meço as coisas sem distância
E fico só com o tempo que cabe numa mão

Ponto corrido ponto concreto
Ponto de partida
Para o dedo que já está gretado
De tanto esquecer e perpassar

Faço um remendo no destino
E alargo a cintura dos lados
Vou fazer um vestido com flores
Nem que tenha de rasgar o equador mais apertado