segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Esperança


Futuro
A estrada incerta
No certo lugar
De onde se vem
E se regressa

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Milagre!



Os olhos cheios de luzes, sobretudo os olhos,
já nem há por onde passar com tantos anjos caídos nas ruas por estes dias...
e um comércio sem horas precipita-se para os cúmulos eufóricos
de um tudo ou nada.

Apesar de toda a fraternidade, há pessoas que ficam de fora,
seguindo as estrelas da noite, o frio, a solidão...

Há também as pessoas de outros caminhos,
que não tendo Jesus como fé ou filosofia,
ainda assim, vivem o Nascimento Supremo!

Porque é Natal, a esperança cresça dentro de todos nós.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Volto já ou não!

Estou só à espera de aquecer os pés, para me atirar (de cabeça e coração) numa mensagem de Natal. Depende do tempo..

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

O inadmissível

Uma amiga do escritor José Eduardo Agualusa, a propósito da possibilidade de um ovo ser cúbico em vez de redondo, terá dito que “Convém não subestimar jamais a estupidez humana.
Retive esta frase e tento estar sempre precavia em relação aos disparates do mundo. No entanto, não há como escapar. Em qualquer folheto de supermercado descubro que as melancias já são amarelas! As modificações genéticas, biológicas e outras estão aí, para o melhor e para o pior.
Já não há limites. E o mais grave é que já não se reconhece o horroroso, o abjecto, a loucura. A maldade é mesmo praticável com a melhor das intenções.
Numa reportagem SIC, anuncia-se que nos Estados Unidos algumas crianças com trissomia 21 estão a ser submetidas a cirurgias plásticas para apagar ou atenuar os traços característicos da deficiência. Os promotores acreditam que, com esse recurso, a inclusão social dessas crianças será mais fácil. Uma mãe garante que age por amor, pois não quer que a filha seja vista como idiota.
Para mim, é muito difícil explicar a revolta. Em tempos que se fazem grandes floreados em torno dos direitos humanos, da igualdade de oportunidades e todas essas demagógicas teorias, a sugestão de uma deficiência poder ser camuflada, é mais cruel do que todas as descriminações que possam existir.
Não preconizo que, a troco de nada, o só para tirar sabe-se lá que vantagens, se ande com um letreiro a dizer, sou desta maneira ou daquela. Mas o primeiro direito que todas as pessoas precisam ter, é poder ser aquilo que são!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Perfil


Procuro-me!

Não ostento sinais de tristeza nem de grande sagacidade,
Visto um corpo rasgado nas pernas e nos ombros,
Bolsos sem fundos e com cinco dedos furados.

Fui vista pela última vez ao virar da esquina.

Recompensa-se quem não me encontrar...

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Tediosa geografia!



Às vezes, até as minhas dóceis ovelhinhas perdem a paciência. Que vontade de meter por um atalho a abalar para muito longe...
Mas não sei que distâncias me dariam paz.
Apago destinos só de os pensar. Todos os lugares do mundo ficam à saída da minha porta.
E vou ficando por aqui, porque espero outras marés, outras mudanças de regras. Os castelos e as torres de vigia.
É noite e regresso.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

A chuva



Quantas noites tem o dia?
Quantos dias tem o mar?
Quantos cavalos tem o sono?
Quantas cores tem o medo?
Quantos números tem a sorte?
Quantas portas tem o mundo?
Quantos passos tem o silêncio?
Quantas estrelas tem o olhar?

Quantas vidas tem a vida?
Quantos dedos para a soletrar?

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Que sensação tão familiar!



Felizmente
ainda há quem saiba viver sem preocupações.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Um lugar para ancorar

É minha a dúvida
Só minha
Minha e única
Que tenho em mim
E a finco debaixo do pés
Com força
Para nenhum vento ma roubar


Nunca ando descalça
Porque tenho a dúvida debaixo dos pés
E o meu peso fura o chão
Até achar uma ideia firme

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Mais vale nunca mais crescer...

Tinha 10 anos quando voei a primeira vez num avião por cima das nuvens. Olhei pela janela e nada de especial, um céu igual ao de baixo. Não estava à espera de ver anjos a brincarem uns com os outros, mas...

Não sei se foi mais ou menos por essa época que descobri que os seguros de vida, afinal, não evitavam a morte de ninguém. Um logro que ainda hoje lamento!

Com o tempo aprendi que, quanto maior é a expectativa, mais acentuada a desilusão. Sempre que idealizo demais, acabo frustrada. Sevilha, por exemplo, era a minha cidade encantada, esplendorosa de luz, bordada a ouro... Fiz a viagem e o sonho murchou. “Verde que te quero verde”, quero ser indemnizada por Garcia Lorca!

No entanto, não há nada que me console por ter visto um documentário sobre as sete maravilhas do mundo (as antigas). Não me conformo porque, para mim, em vez de laboriosos socalcos, os Jardins Suspensos da Babilónia deviam flutuar no ar. De que forma, não sei. Mas de que deviam, deviam...

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Prós e Contras

Opinatório
Opinantes
Opinitar
Opinológia
Opinistas
Opinitices
Opiniteiros

Conclusões: Vamos dormir!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Se faz favor!



Alguém me explica (de preferência com desenhos aos quadradinhos) em que consiste o novo tratado reformador europeu?

Sim, é mais fácil dizer Lisboa do que Maastricht, but...

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

ESTA É A DOER




Porque o tema da violência não pode ser tratado de forma leve...

terça-feira, 9 de outubro de 2007

NÃO BRINQUEM!

Fiquei com dó das crianças que há dias foram entregar no Oceanário as armas de brincar. Ainda bem que houve um reguila que só deixou a sua espada porque tinha outra em casa... É dos meus!

Iniciativa promovida pela Administia Internacional. Fiquei com dó de mim. Que decepção!

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

TÁ MAL



Que é isso de estacionar num lugar para deficientes sem ter o dístico autenticado pela DGV?... Respeitinho!

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Gaveta dos contos

A Preguiça


Não se trata de tonturas. O que se sente é mesmo uma ligeira oscilação da casa. Porque ela anda mesmo a flutuar no ar. Bastará ir até a janela para verificar o deslizar da paisagem. Mas não vale a pena tal esforço. O calor da fogueira mantém-se inalterável, a chaminé tem uma boa tiragem, por isso, o fumo não entra para o interior. Sim, apenas o cheio da fuligem poderia causar incómodos respiratórios. Mas como tudo está muito bem organizado, a leitura pode continuar sem que haja distracções.
Os óculos estão poisados no regaço. Que maçada, falta pouco para ser necessário acender a luz. Nessa altura, vai ter mesmo de levantar-se da poltrona para ir até ao interruptor. Apetece adormecer naquele quentinho. A casa viaja não se sabe a que velocidade. Nem qual a altitude que já atingiu. Tudo é suave como as almofadas sobre as quais os braços descansam.
Apenas a certeza de estar muito longe. Porque nenhum ruído existe, para além do abafado crepitar do lume. O silêncio no chão e nas paredes. Uma tranquilidade assim tão acentuada, bem poderá provocar uma paragem cardíaca. Custe o que custar, os olhos têm de se manter abertos. Ou pelo menos, semiabertos.
Lá fora, a casa voadora deve ser motivo de espanto e perplexidade. Também é provável que passe despercebida entre todos os outros objectos voadores não identificados.
Lentamente, a luz da fogueira desfaz-se em cinza. Os óculos resvalam dos joelhos e caem no tapete. Os anjos entram com um tabuleiro de prata. Trazem chá e torradas. É pena, mas há instantes em que tudo é indigesto. E até as coisas mais leves, pesam na alma.
O espaço aéreo está vigiado por centenas de radares. No entanto, a casa continua o seu destino sem ser interceptada. Sem que lhe seja pedido vistos ou passaportes. A casa tem a vantagem de ter sido construída com bons materiais: paredes duplas e bom isolamento das janelas. Preenche assim, todos os requisitos internacionais.
Absurdo e despropositado é que, de repente, e depois de todos os anjos se terem retirado, se comecem a ouvir incessantes rajadas de metralhadoras. E que, por todos os lados, ecoem choros de mulheres e crianças.
Se não fosse o langor do corpo e esse aconchego provocado pelas nuvens, seria urgente ir ver o que se passa lá fora.


sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Cuidado com o mofo

Estou cansada, por isso pedi ajuda à “gaveta”.

REALIDADE


Respirei a flor da manhã
Os meus livros todos apagados
Com um palhaço de nariz azul
A fazer desenhos nas mãos
Para ninguém ver as suas histórias

Respirei as sombras da manhã
Os meus cabelos todos desenhados
Com muitas estrelas redondas e equiláteras
A caírem para dentro das minhas meias
Para ninguém saber as suas tristezas

Respirei o silêncio da manhã
Os meus dedos todos rasgados
Com uma folha grossa de cartolina
A sair por cima das minhas asas
Para ninguém tentar fugir de mim

Respirei o céu da manhã
Os meus gatos verdes todos parados
Com vontade de caçar pedras
A trinta e cinco minutos de altura
Para que ninguém os possa acordar

Respirei a água da manhã
Os meus sonhos todos desatados
Com os sapatos feitos de lã
A vida cresce conforme as telhas
Para ninguém ter outra idade


29-4-2005

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Tipo cogumelos


Uma vez por graça, passa. Mas tudo o que se repete abusivamente, acaba por cansar. Por mim, estou mesmo fartinha das ditas feiras medievais que proliferam um pouco por todas as cidades e aldeias. Que falta de imaginação! Afinal, do que me lembro das aulas de história, esta época não foi das melhores para ser assim tão celebrada... Digo eu, pastora Mofina Mendes, que às vezes pratico muito bem para boba das cortes!

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Quem fala assim não é gago, mas devia!



Subconsciente misterioso e perigoso...

As minhas lindas ovelhinhas!...

A descoberta não é minha, mas pensado bem, eis uma verdade indiscutível: A nação iria à falência se não houvesse população inactiva. São as crianças, os jovens em idade escolar, os deficientes, os idosos, e até os desempregados, que dão trabalho a quase todas as outras pessoas.
O próprio sistema de segurança social, pela quantidade de quadros que possui, beneficia dos benefícios que dá (?) e por isso mesmo, devia dar muito mais.
Não sei por que, este pensamento agrada-me!

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

O empréstimo!

Estou de visita na casa onde vivo
Pago com altos juros tudo o que é meu
Alimento-me das searas alheias
Olho o céu com vontade de sentir o mar
O mar que trago nas conchas das mãos

Roubo as minhas palavras ao silêncio do mundo

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Nem com 100% de desconto...

Quando anunciam uma grande oportunidade, fico à espera pela seguinte que, com certeza, será bem maior.

Se a oportunidade for única, significa então que é para todos, menos para mim.

Finalmente, chega a última oportunidade. Que fazer?... Nada, porque quero ficar para além de todas as últimas oportunidades. E esperar pelas novas que hão-de vir!

Um pensamento...

Não sei se Deus existe (já acreditei menos). Mas de uma coisa estou segura: Ele não tem religião.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

O calcanhar de Aquiles



Fazendo-se uma pesquisa, não muito exaustiva, dos grandes vultos da humanidade, seguramente se chegaria à definitiva conclusão que, ao contrário do que é dito, dos fortes não reza a história.

sábado, 11 de agosto de 2007

E um baraço de cebolas!

Estou a matutar que podia passar umas boas semanas sem blogar, só para me armar que estou de férias.

Mas, pensando melhor, vou optar por ser diferente. Quem sabe, se para o próximo ano, a moda não será lançada! Até já imagino as conversas:
  • Então, rica, não foste no teu iate?
  • Que horror, que pindérico. Andei a plantar alfaces no meu green... O máximo!

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Memórias de infância...

Nem para sonhar há vontade. Os desejos, da maior parte das pessoas, são sempre acanhadinhos...
Esses sonhos não passam de uma viagem a um sítio qualquer (que tenha um nome estrabólico e esteja moda) e de uma casa com piscina.

Eu sonho em grande: Se pudesse, adorava ir ao Paraiso comer um gelado tutti frutti. Mais nada!

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Cuidado com os mosquitos!

Há paradoxos que, para uma pastora pacóvia como eu, são impossíveis de decifrar:
  • Por que é que, de dia, as pessoas não dão dois passo a pé, e à noite, não passam sem a sua caminhada?

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Isso sim!

A culpa do país estar no caos, é nossa, dos portugueses?
Então, se mudássemos todos de nacionalidade, o problema ficaria resolvido?
Claro que não. Tudo continuaria igual. Mesmo estrangeiros, ainda assim, atiraríamos as cascas dos tremoços para o chão.
Que fazer? Se calhar devíamos tirar umas férias. Grandes.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Coração

Depois de ter recuperado a corda,
O relógio quis acertar o seu passo
Com o tempo medido do mundo.



Pediu ajuda ao Sol,
Às estrelas,
Às pedras de quartzo...


Mas o pulsar do sangue
Umas vezes é lento
E outras vezes foge!


Que horas são?

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Tirem-me deste filme


É sabido que Portugal, na média europeia, tem uma taxa vergonhosa de analfabetismo, de iliteracia e de abandono escolar. Ao longo de muitos anos, todas as tentativas para modificar este cenário têm fracassado.
Incomoda o facto em si, ou o não se poder esconder esses números?
Pelo que é dado ver, o sistema político está apenas preocupado em disfarçar.
Tudo indica que o programa Novas Oportunidades não passa de um hábil truque de demagogia. Para tapar o buraco cultural, nada mais fácil do que distribuir diplomas. Assim, validam-se competências com o mesmo rigor de quem oferece bonés. Se me perguntarem qual a capital do reino, e eu, Mofina, responder que é Lisvoa, é quase certo e seguro que fico a ser uma espécie de doutora.
O lamentável é isto mesmo. Pode verificar-se que são as pessoas mais ingénuas que estão a cair no engodo.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Fugitiva de longos cabelos


A noite escura andou pelas ruas
Sem lua nem estrelas,
Silenciosa, pés de almofada,
Para não acordar gatos nem cães!
Mas de uma janela uma voz gritou:

É ela!

A noite teve de saltar os muros e as cancelas.



Escondeu-se debaixo de uma pedra

E em sossego, amanheceu.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Já que se fazem tantas excursões...

Por Lei, deveria haver um Decreto-Lei barra não sei quantos, de modo a que, todos os naturais ou residentes neste país, tivessem de visitar um museu. Não teria de ser um museu específico, podia ser um escolhido ao gosto ou ao jeito de cada cidadão.
Seria um dever cívico igual a todos os outros, tipo possuir um número de contribuinte.
A pessoa não podia ser isenta por não saber ler, não perceber nada de arte, ou por outra razão semelhante.
Não importaria o tempo ou a atenção dispensada ao local. Importante mesmo, seria esse entrar num museu.
Tenho apenas um pressentimento de que muitas coisas mudariam para melhor!

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Fim da tarde!

— Já vou no nível 19!..
— Perde lá depressa, que estou à espera da minha vez!
— Não gosto de jogos, quero é ver o meu neto que está na França.
— São horas de ir dar aos meus coelhos, não tenho vagar para estas coisas.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Dizem que começou o Verão

A minha avó, foi a única das pessoas minhas conhecidas, que soube dar bom uso ao televisor. Mantinha-o apagado e só o ligava, mais ou menos, na hora das notícias. Ficava ali entretida, mas não dava grande atenção.
O que lhe interessava mesmo, vinha depois: Era o boletim meteorológico.
Aqui sim, era muito exigente e só acreditava no Sr. Antímio de Azevedo.
Quando a programação foi toda alterada, a minha avó teve um grande desgosto. Os apresentadores que apareciam de ar sorridente, eram uns palhaços. Não teve paciência para os aturar. A partir de então, se queria saber do sol ou da chuva, perguntava às dores que tinha nos joelhos ou às formigas que entravam na cozinha. Métodos infalíveis. Acredito que, se as pessoas, incluindo os cientistas, desenvolvessem estas simples sabedorias, o clima não estaria tão baralhado.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

NOSTALGIA EÓLICA

Paio Vaz:

Mofina, dá-me conta tu
onde fica o gado meu.

Mofina Mendes:

A boiada não vi eu,
andam lá não sei por u,
nem sei que pacigo é o seu.
Nem as cabras não nas vi,
samicas cos arvoredos;
mas não sei a quem ouvi
que andavam elas por i
saltando pelos penedos.
Do Auto de Mofina Mendes


Pois é, Paio Vaz, como as cabras, às vezes também ando por aí, saltado pelos penedos...
Hoje é dia mundial do vento. É verdade, há dias para tudo!
O vento é uma força motriz que devemos aproveitar ao máximo.
Qual é o máximo dos máximos? Não sei...
Mas há momentos em que a libertade é mesmo apertada.
E a vida rebenta pelas costuras.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

JG, não leias isto... já avisei!

Sei lá, mas não será um bocadito inconcebível uma pessoa chegar do hospital com uma agulha esquecida espetada no braço? Não causou nenhum dano, é verdade, mas não dá para perceber muito bem. Há cada uma!

terça-feira, 5 de junho de 2007

Serei normal?

Perguntas que, na minha cabeça, ficarão sempre sem resposta:

  • Com quantos paus se faz uma canoa?
  • Qual a diferença entre um semi-frio e um semi-quente?
  • Como é que os romanos faziam contas?
  • Haverá vida antes da morte?
  • Quantos passos já foram dados nos Passos Perdidos?
  • O nada existe?
    • Se existe, é porque há alguma coisa no lugar do nada.
    • Se não existe, o que é que existe nesse vazio?

segunda-feira, 28 de maio de 2007

O TÉDIO

No princípio era o tédio. O tédio foi e será o princípio e o fim de todas as coisas. O cúmulo do tédio é a acção. Pelo tédio é que vamos. E chegamos. E voltamos a partir. Tudo acontece por causa do tédio. O dia e a noite. A voz e o silêncio. O fogo e a chuva. O apogeu e a derrota. As civilizações e as utopias. O tédio é esta vontade de trocar o Sul pelo Norte, de navegar para além de todas as estrelas, de inventar o futuro. Foi assim, por não poder mais, que os olhos se ergueram do chão e tomaram a medida do horizonte. Foi também por causa desta extenuante fatiga, que os passos do homem nómada se detiveram no crescente fértil e ali fincaram as raízes da história que havia de acontecer. E aconteceu a roda, o tear, o arado. Aconteceu o pensamento. A Terra foi colocada no centro do universo. O mar abriu-se para além de fim do mundo. E a Terra que já foi redonda, voltou a ser plana e plena outra vez. E ficou coberta pelas sombras da guerra, do ódio, da fome. Aconteceu a velocidade, o abismo, a energia. A desintegração do átomo, a contagem decrescente, os sonhos fora de órbita. E sempre o mesmo nada nas coisas que enchem o mundo, a mesma procura, o mesmo tédio. O bocejo infinito que não se conforma com a morte. O corpo que adormece e fica naufragado. Os olhos que de tanto ver, já não sabem olhar. A indiferença com que mandamos tudo pelos ares, com que rasgamos os mapas e desenhamos outros caminhos. É essa entediante indiferença que nos faz correr, ávidos de curiosidade, sempre que acontece uma boa desgraça, porque tudo vale, desde que nos desperte, desde que nos active a emoção. Não há nada além do tempo e do esquecimento. Não há nada de novo, mas ainda assim, se espera pela notícia de última hora. Aquela que anunciará e vinda do verdadeiro Messias, a descoberta de novos continentes escondidos no interior da Terra, a chegada dos seres mais inteligentes do Universo, no meio dos quais estará, não o marciano verde, mas o clone triste da nossa triste figura, a alma da nossa alma. E a notícia que era notícia de última hora, repete-se todas as horas e só se interrompe para os compromissos publicitários, para uma Coca-Cola já nada capitalista. Que fracasso! Não há nada que nos console mais do que as falsas informações, aquelas que aumentam para mil o número oficial dos desalojados desta vida. Não há nada que nos estimule mais do que acrescentar números aos números. A vida é um boato, boato que nos faz crescer e multiplicar. Que nos faz morrer de tanto tédio. Porque o pensamento é um exagero que, de tanto aumentar, já não inventa nada. Agora que o Universo aconteceu, ficamos à deriva num futuro que se adia constantemente, em cada segundo que passa.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

O cansaço


Um vaso estava tão cheio de estar cheio que, quando finalmente começou a chover, aliviou.
A chuva caiu, caiu, caiu... e de tanto cair, adormeceu a dor.
O corpo deixou-se ficar até que se esgotou a última estrela.
A estrela repousou no meu regaço.
Havia uma silenciosa canção de embalar.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

UM MEME E UM MIMO

Para mim, as correntes, só se forem em aço bem duro. As outras, quebro-as assim que me chegam à mão. Os meus animais de pasto gostam de andar de rédea solta. Até à noite, para os recolher, é um castigo!
NÃO ÀS CORRENTES. Porém, quando me lançam um repto, as minhas convicções vão logo águas abaixo... Não resisto. Desafiaram para criar um “meme” a partir de outro.
Mas afinal, o que é um 'Meme'?
'Um "meme" é um "gen ou gene cultural" que envolve algum conhecimento que passas a outros contemporâneos ou a teus descendentes. Os memes podem ser ideias ou partes de ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autónoma. Simplificando: é um comentário, uma frase, uma ideia que rapidamente é propagada pela Web, usualmente por meio de blogues. O neologismo "memes" foi criado por Richard Dawkins dada a sua semelhança fonética com o termo "genes".' (definição que circula com a corrente)

Após uns dias de divagações pela blogoesfera, é com agradável surpresa que encontro um “memo“ baseado numa citação que me diz muito. É esta:

"A liberdade exterior que atingirmos depende do grau de liberdade interior que adquirirmos. Se é esta a justa compreensão da liberdade, o nosso esforço principal deve ser consagrado a realizar uma mudança em nós próprios."
Mahatma Gandhi

Agora sim, posso dar seguimento a esta circulação de ideias e deixo aqui o meu “memo”

”Vive como podes se não podes viver como queres.”
Estácio

terça-feira, 15 de maio de 2007

Mundo perfeito


Coisas sem as quais, para mim, o mundo seria muito melhor:

  • Altifalantes e megafones
  • Ervilhas
  • Areia na praia (devia ser toda substituída por extensos relvados)
  • Semáforos
  • Agosto e Dezembro
  • Domingos
  • Relógios de pulso
  • Xaropes para a tosse

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Os estranhos caminhos da fé

Um amigo meu, com o coração na ponta da língua, comenta, de uma forma quase distraída:
— A minha mãe sente-se meio manca, por isso, também vai a pé para Fátima. Quando regressa, vem mil vezes pior. Mas ela é que sabe.
É isso, as pessoas que vão a Fátima a pé, é que sabem. São livres de terem uma fé ou uma vontade. Os sacrifícios que praticam dentro do Santuário, é lá com elas. Ninguém tem nada com o assunto.
Porém, há uns anos atrás assisti a uma cena que, essa sim, me indignou e tirou do sério. Na Capela das Aparições há um corredor, em redor da imagem da Virgem Maria, onde se cumprem as tais promessas de joelhos. Nada de especial a assinalar. Mas eis que chega uma mulher com um garoto que não teria mais de 8 ou 10 anos. Ajoelha-se e puxa-o para ele fazer o mesmo. E ali começam a andar às voltas. Ao princípio, o garoto deve ter encarado aquilo como uma brincadeira, correndo tanto, que a mulher repreendeu-o para ela abrandar. Só que depois, quando o seu corpo pequeno e frágil, começou a doer, foi obrigado a continuar. A cada tentativa de desistência, um valente safanão.
Escusado será que fugi a toda a pressa dali para fora.
A mulher não podia de forma alguma ser mãe do miúdo.
Nenhuma mãe deseja ou pede o sofrimento dos seus filhos.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

O fascínio das alturas!

Mergulho os pés no lago do Sol.
Não sei viver sem ser ao contrário.
Deve ser por isso que os pássaros não caem.
De resto, todas as coisas estão nos sítios certos.
Podemos abrir os braços sem tocar em ninguém.
Em plena solidão. Em plena liberdade.

sábado, 5 de maio de 2007

Todos os dias

Mãe. A minha.
Porventura igual a todas as outras.
Porém, a minha mãe é única.
Não me deu apenas o ser:
Mantém-me viva e vive por mim.
Ela ensina-me a respirar.
Só isso.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

O seu a seu dono!

Informo que todas as fotos deste blog, excepto uma, foram retiradas da internet.

Perguntas de uma pastora meio tonta...


Sei que este blog costuma ser visitado por pessoas que se preocupam, de maneira muito séria e profissional, com os desatinos ambientais que se praticam neste Planeta. Por isso, aproveito o ensejo para expor, com todo o respeito e sem ironias, duas pequenas e ingénuas dúvidas que, com alguma frequência, assaltam a minha triste ignorância...
1- Qual seria o perigo para o ecossistema, se os mosquitos, as pulgas e os piolhos deixassem de existir?
2- Que mal fazem os lindos jacintos da Pateira de Fermentelos, para serem considerados uma praga?

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Está-me na massa do sangue...

No dia 25 de Abril, se me tivesse alembrado, tinha ido até à capital a mais os meus rebanhos e as minhas manadas.
Indo atrás das outras maltas, teria passado com certeza pelo túnel do Marquês! (Como é bom sermos os primeiros nas inaugurações para ficar na fotografia...)
Depois, se algum vagar me sobrasse, ainda houvera de visitar a casa do Senhor Ministro; é que sempre quis saber, como é a cara dum boi a olhar para um palácio. Que é como quem diz...

sábado, 21 de abril de 2007

Que complicado!...


Não compreendo por que as casas têm todas paredes e telhados.
O mundo devia ser mais simples, não ter tantos ângulos rectos.
Tenho de aprender a fazer as curvas como deve ser!
Mas como, se tenho tanta vontade de acelerar o coração?
Por favor, deixem-me à solta, correndo verde por estes meus montes!

segunda-feira, 16 de abril de 2007

O círculo da água e da vida

Contaram-me este episódio que achei de uma deliciosa filosofia...
A avó caiu, pisando-se no joelho. O neto, muito carinhoso, ajudou-a em tudo, incluindo, a pôr gelo na parte magoada. Quando o susto passou, o garoto foi brincar para a escada. Não demorou muito quando ele regressa aflito, como se tivesse feito um grande disparate, e conta à avó que o gelo tinha morrido... A avó ainda demorou a perceber aquela frase. Claro, são as coisas mais simples que não se percebem. O gelo havia-se derretido! Apenas isso.
É bem verdade, acrescento eu. A água morreu e subiu aos céus!

sábado, 14 de abril de 2007

Toque digital


Quem disse que apontar é feio? Ao dedo indicador não lhe cabe outra função...
O eixo do universo nada tem de imaginário.
Afinal, é mínima, a grandeza de todas as coisas. Basta um gesto!

terça-feira, 10 de abril de 2007

Começou o tempo da sesta!

E enquanto os meus rebanhos pastam, não posso deixar de ruminar...
Neste silêncio agreste, há rumores de espantar!
Será que o Ministro lá das Cortes, é mestre-de-obras a brincar?
Se fosse chegado cá das minhas falas, sempre havia de perguntar:

Afinal, meu ilustre senhor, quanto mede um pé direito?

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Possível solução para um dilema existencial


Eu, Mofina Mendes, sou uma pastora. Desastrada, muito desastrada, é verdade. Mas pastora. No Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, por exemplo, não acreditam nesta afirmação.
A única saída é dizer aquilo que fica bem e que as pessoas gostam de ouvir. Assim, a partir de agora, serei Quadro. Quadro bem quadrado. Dá estilo ser Quadro!
Superior? Nem tanto... Posso ficar no meio.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Dilema existencial

A rainha chega à Conservatória do Registo Civil, apanha o ticket e fica a aguardar a sua vez. Os funcionários apercebem-se da situação e desfazem-se em vénias.
- Faça favor, Senhora Dona Rainha? Estamos ao dispor de V. Majestade...
A rainha agradece e informa que apenas deseja renovar o B. I.
- Ora essa, é para já!
Fotografia recente, em qualquer jornal ou revista, claro. Dados mais pessoais:
1.º Data de nascimento
2.º Filiação (não, não é preciso a árvore genealógica completa.
3.º Profissão

Profissão?... Que absurdo! A rainha é rainha, não é?
Entre neste portal e registe-se.
Pensionista? Resposta não válida... Sem profissão? Lamentamos...


Ouço o vento e a chuva. É Primavera.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

O lavrar das terras


Os dias cresceram.
Já chegam do chão das madrugadas
até ao poente escrito
por nuvens muito altas.

sexta-feira, 30 de março de 2007

Tão anjinhos...



Os nossos queridos meninos foram para a Espanha pintar a manta? Não dá para acreditar! Eles até são finalistas... a bem dizer, quase doutores... E só porque fizeram alguns disparates de nada, como atirar ovos contra as paredes, foram expulsos do hotel. Ai que maldade! Devem ser indemnizados? Claro que sim, coitados! Eles que, se calhar, se esforçaram tanto a pedir dinheiro nos semáforos... Em Guimarães há falta de anjinhos para as cerimónias da Semana Santa. É natural, foram todos passear para a Espanha.

Inqualificável

Nasci neste recanto da Europa. E, exactamente por isso, sinto-me na obrigação de pedir desculpa a toda a gente, por aquele infame cartaz que foi colocado na Rotunda do Marquês.

quarta-feira, 28 de março de 2007

Fusos e parafusos

Mas quem me manda a mim, Mofina Mendes, tocar rabecão?

Muito gostava de saber em que fuso horário anda o meu blog... Já dei voltas e mais voltas sem acertar! São os meridianos da minha cabeça que andam todos trocados. Atrasar ou adiantar os relógios? Sei lá, não tenho tempo para essas coisas.

Brincar ao azul, azul...


O Tiago vem, instala-se no computador e por mero acaso, ou ensinado pelo murmurar dos anjos, abre o Google Earth. Que maravilha, descobrir o Mundo! Mas que fazer com aquela bola que não sai do monitor? Só há uma maneira de brincar: É pegar no rato e virar o planeta ao contrário...
Riu-me porque nunca tinha imaginado uma geografia assim, de pernas para ar! Ele ri-se de me ver rir e clica muitas vezes na cor azul, que é o mar e os oceanos. Faz um zoom infinito. Só para encher as mãos de azul...

terça-feira, 27 de março de 2007

Claras em castelo

No Auto de Mofina Mendes, de Gil Vicente, há esta passagem que me ficou, desde criança, como uma canção de embalar...

«Vou-me à feira de Trancoso logo, nome de Jesu, e farei dinheiro grosso.
Do que êste azeite render comprarei ovos de pata, que é a coisa mais barata que eu de lá posso trazer;
e êstes ovos chocarão;
cada ovo dará um pato, e cada pato um tostão, que passará de um milhão e meio, a vender barato.
Casarei rica e honrada por êstes ovos de pata, e o dia que fôr casada sairei ataviada com um brial de escarlata, e diante o desposado, que me estará namorando:
virei de dentro bailando assim dest'arte bailado, esta cantiga cantando.»

De facto, no viver de cada dia, existe a irresistível tentação de ir fazendo projectos no ar! Se esta tendência não for contrariada, corre-se o risco de o futuro ficar sem alicerces e ruir.

Desconto igual à idade...


Todas as dúvidas têm por base uma certeza. Descartes formulou: «Penso, logo existo.»

Todas as certezas fundamentam-se numa dúvida bem concreta. Tão basilar como o verso de Alberto Caeiro: «(Pensar é estar doente dos olhos)»


A minha perplexidade é esta: Sofreria Descartes de alguma doença de visão, de tal maneira que, se usasse óculos, teria deixado de existir?

segunda-feira, 26 de março de 2007

A fuga arrebatada


Não tinha pernas.
Apenas uma asas atadas e escondidas debaixo da mesa.
Um ás de copas que nunca puxei como triunfo.
Pensava que não queria ganhar, que não valia a pena.
E fui ficando até à última...

Tão fácil é viver. Basta um clik e ok, enter!