Deixa ver... ou faço um comentário de kilómetro e meio... melhor não, que hoje não estou para aí virada. Estou de acordo contigo, mas espero pela polémica! Talvez meta colherada então!
Bjinhos!
(Ah! aquela dos heterónimos também precisa resposta! Mas hoje estou com uma rosca que nem imaginas - fica para outro dia!)
Eu não dizia? Não me apetece muito polemicar, mas só uma perguntinha a "Cabecinha pensadora":
Deus é QUAL religião? Todas falam em nome dele, e cada uma acha ser a ÚNICA detentora da Verdade, considerando "infiéis" os crentes das outras. Como é que Deus vai "descalçar essa bota"?
Descalça-a lindamente: fica à vontade do freguês, precisamente porque todos que em nome dele falam (intermediários/igrejas e crentes), pelo menos nas religiões monoteístas, entendem que o seu Deus é o único. A questão colocada, "Ele não tem religião", não traduzirá a nossa necessidade de "humanização" do conceito de Deus?
Não sei se percebi bem a 1ª parte: ficar à vontade do freguês, sendo Deus A religião (?)...
Mas, andante... Plenamente de acordo com a segunda: O conceito de Deus - ser individualizado, pai, senhor, etc. - é mais que humanizado, é antropomórfico (desculpe o palavrão). Se calhar, criámos Deus à nossa imagem e semelhança, e juntámos depois uns pózinhos das características que gostaríamos de ter, como a omnipotência e outros omnis... (mas que sei eu?)
Isto não é ateísmo, mas um simples comentário não dá para explanar muito.
Só acrescento que, por ex. os budistas não têm um deus, e nem por isso carecem de espiritualidade bem profunda (mas budismo é mais uma abordagem vivida, não é propriamente uma religião).
Mofina, hoje com um pouquito mais de energia venho meter a minha colherada (não entre a interessante discussão entre a Mag e a Cabecinha) com uma citação que sempre me vem à cabeça nestas discussões: "Há metafísica bastante em não pensar em nada ... Não acredito em Deus porque nunca o vi. Se ele quisesse que eu acreditasse nele, Sem dúvida que viria falar comigo E entraria pela minha porta dentro Dizendo-me, Aqui estou! ... E por isso eu obedeço-lhe, (Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?). Obedeço-lhe a viver, espontaneamente, Como quem abre os olhos e vê, E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes, E amo-o sem pensar nele, E penso-o vendo e ouvindo, E ando com ele a toda a hora."
Conheces certamente. Do nosso Não esquizofrénico amigo (essa é discussão para outra altura), do meu heterónimo favorito. A coisa mais inteligente que já ouvi sobre Deus. É por isso que sempre fico desconfiada quando ouço pessoas a falar dele (Deus) ou a defender a sua religião com muitas certezas. Certezas cheiram-me a arrogância intelectual, intolerância e às vezes mesmo fanatismo bem disfarçado. A não ser que seja eu que seja muito burra e ignorante, mas também não me tenho em muito baixa conta. Mas pronto, estamos de acordo na mesma!
Amanhã venho cá para te desejar bom fds! ;) Bjinho
"(...) Mas se Deus é as flores e as árvores E os montes e sol e o luar, Então acredito nele, Então acredito nele a toda a hora, E a minha vida é toda uma oração e uma missa, E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores E os montes e o luar e o sol, Para que lhe chamo eu Deus? (...)"
Só para esclarecer, não pertenço a qualquer igreja (se já não gosto de intermediários nos assuntos terrenos, nos espirituais a coisa ainda se complica mais) e não sei se acredito em Deus. Tal como Alberto Caeiro, acredito nas flores, nas árvores, etc. Serei panteísta??? E pronto, já não provoco mais... :-) PS A Jardineira que me desculpe copiar-lhe o poema.
Mas já agora respondo eu à provocação "Serei panteísta?": será mesmo necessário catalogar? Porque é que o pensamento não pode ser livre, tem sempre que ser metido num saco? Catalogar é constrangir, é reduzir. Catalogar-se como panteísta seria atribuir a si própria(o) uma religião! Se for catalogado(a) como panteísta ficará pouco à vontade quando se situar numa outra ideia qualquer - não pode ser duas coisas ao mesmo tempo. (?) Estará fechada(o) num saco - o saco do panteísmo!
Enfim, estou a divagar.
E tu Mofina, estás caladinha a ver se dá batatada?!
Ai o português... Onde se lê "copiar-lhe o poema" deve ler-se "copiar-lhe a ideia do poema". Em todo o caso, o Alberto Caeiro ainda não reclamou direitos de autor (nem o Fernando Pessoa).
Jardineira
A sua divagação, como lhe chamou, quando afirma "não pode ser duas coisas ao mesmo tempo", faz lembrar os metafísicos da teoria do Ser e do Não-Ser. Parmênides concordaria consigo, certamente. Prefiro "panta rhei".
Não me parece Cabecinha, aquilo não era bem uma afirmação (tinha um ponto de interrogação no fim). Era o que eu estava a questionar.
Eu também prefiro panta rhei, mas normalmente chamo-lhe impermanência, o que é um termo budista que vai dar mais ou menos ao mesmo. Seria Heraclito budista? Usando a sua lógica lá de trás, será a Cabecinha budista?
Chegueeeei. Pois é, às vezes é tão bom ficar a assistir! Sobretudo quando há quem dê as respostas exactas...
Mag e Jardineira:
VALENTES! Desculpem a minha preguiça.
Cabecinha pensadora:
Fique à vontade, este blog está ao dispor e fica enriquecido com a diversidade de opiniões.
Vou apenas rebater amigavelmente duas frases...
Dizer que Deus é a religião é como reduzir a cidade do Porto às suas pontes. Sim, porque a religião é o MEIO que a maioria das pessoas usa para chegar ao Divino.
A «"humanização" do conceito de Deus», é muito mais do que uma necessidade. Por mim, só consigo encontrar Deus nos meus semelhantes. Que fazer? Sou limitada e pastora como o Caeiro...
Abraços
JG:
Vai ver se eu estou no farol da Barra... Lá em cima!
Receba os agradecimentos, pela sua gentileza, desta verdadeira "limitada" que por aqui andou a dizer coisas sem ser convidada.
Como a conversa começou a propósito de Deus, crença e religião, deixo as palavras de Natália Correia:
Creio nos anjos que andam pelo mundo, Creio na Deusa com olhos de diamantes, Creio em amores lunares com piano ao fundo, Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes, Creio num engenho que falta mais fecundo De armonizar as partes dissonantes, Creio que tudo é eterno num segundo, Creio num céu futuro que houve dantes,
Creios nos deuses de um astral mais puro, Na flor humilde que se encosta ao muro, Creio na carne que enfeitiça o além,
Creio no incrível, nas coisas assombrosas, Na ocupação do mundo pelas rosas, Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen.
Ainda cá volto. Realmente estamos de acordo no essencial, apenas acho que demos sentidos diferentes à expressão "humanização do conceito de Deus". Não sei com que significado exacto Cabecinha empregou o termo, mas eu tomei-o no sentido de antropomorfismo: imaginar Deus à nossa imagem, de certo modo; encontrar Deus nos semelhantes, ou ver neles o sentido da vida, claro, não é limitação nenhuma, antes pelo contrário, embora eu não chame a isso "humanizar o conceito de Deus". Mas a questão é meramente linguística, pelo que sem importância de maior; de qualquer modo, deixo o esclarecimento sobre o meu ponto de vista.
18 comentários:
Pois, outro assunto a pedir polémica e batatada...
Só que desta vez - e por muito que te custe - estou de acordo contigo.
Mas não desanimes, pode ser que apareça quem refile.
Jinho
Deus não tem religião, Ele é a religião.
Deixa ver... ou faço um comentário de kilómetro e meio... melhor não, que hoje não estou para aí virada. Estou de acordo contigo, mas espero pela polémica! Talvez meta colherada então!
Bjinhos!
(Ah! aquela dos heterónimos também precisa resposta! Mas hoje estou com uma rosca que nem imaginas - fica para outro dia!)
Eu não dizia?
Não me apetece muito polemicar, mas só uma perguntinha a "Cabecinha pensadora":
Deus é QUAL religião?
Todas falam em nome dele, e cada uma acha ser a ÚNICA detentora da Verdade, considerando "infiéis" os crentes das outras.
Como é que Deus vai "descalçar essa bota"?
Isto está a aquecer! ;)
Mag
Descalça-a lindamente: fica à vontade do freguês, precisamente porque todos que em nome dele falam (intermediários/igrejas e crentes), pelo menos nas religiões monoteístas, entendem que o seu Deus é o único.
A questão colocada, "Ele não tem religião", não traduzirá a nossa necessidade de "humanização" do conceito de Deus?
Cabecinha...
Não sei se percebi bem a 1ª parte: ficar à vontade do freguês, sendo Deus A religião (?)...
Mas, andante...
Plenamente de acordo com a segunda:
O conceito de Deus - ser individualizado, pai, senhor, etc. - é mais que humanizado, é antropomórfico (desculpe o palavrão).
Se calhar, criámos Deus à nossa imagem e semelhança, e juntámos depois uns pózinhos das características que gostaríamos de ter, como a omnipotência e outros omnis... (mas que sei eu?)
Isto não é ateísmo, mas um simples comentário não dá para explanar muito.
Só acrescento que, por ex. os budistas não têm um deus, e nem por isso carecem de espiritualidade bem profunda (mas budismo é mais uma abordagem vivida, não é propriamente uma religião).
Mofina, hoje com um pouquito mais de energia venho meter a minha colherada (não entre a interessante discussão entre a Mag e a Cabecinha) com uma citação que sempre me vem à cabeça nestas discussões:
"Há metafísica bastante em não pensar em nada
...
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me,
Aqui estou!
...
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora."
Conheces certamente. Do nosso Não esquizofrénico amigo (essa é discussão para outra altura), do meu heterónimo favorito. A coisa mais inteligente que já ouvi sobre Deus. É por isso que sempre fico desconfiada quando ouço pessoas a falar dele (Deus) ou a defender a sua religião com muitas certezas. Certezas cheiram-me a arrogância intelectual, intolerância e às vezes mesmo fanatismo bem disfarçado. A não ser que seja eu que seja muito burra e ignorante, mas também não me tenho em muito baixa conta.
Mas pronto, estamos de acordo na mesma!
Amanhã venho cá para te desejar bom fds! ;)
Bjinho
"(...)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
(...)"
Só para esclarecer, não pertenço a qualquer igreja (se já não gosto de intermediários nos assuntos terrenos, nos espirituais a coisa ainda se complica mais) e não sei se acredito em Deus.
Tal como Alberto Caeiro, acredito nas flores, nas árvores, etc.
Serei panteísta???
E pronto, já não provoco mais...
:-)
PS A Jardineira que me desculpe copiar-lhe o poema.
Ora essa Cabecinha, o poema não é meu!
Mas já agora respondo eu à provocação "Serei panteísta?": será mesmo necessário catalogar? Porque é que o pensamento não pode ser livre, tem sempre que ser metido num saco? Catalogar é constrangir, é reduzir. Catalogar-se como panteísta seria atribuir a si própria(o) uma religião! Se for catalogado(a) como panteísta ficará pouco à vontade quando se situar numa outra ideia qualquer - não pode ser duas coisas ao mesmo tempo. (?) Estará fechada(o) num saco - o saco do panteísmo!
Enfim, estou a divagar.
E tu Mofina, estás caladinha a ver se dá batatada?!
Se Deus não existisse, eras filha única. Sendo sabido que Deus não tem irmã.
Ai o português... Onde se lê "copiar-lhe o poema" deve ler-se "copiar-lhe a ideia do poema".
Em todo o caso, o Alberto Caeiro ainda não reclamou direitos de autor (nem o Fernando Pessoa).
Jardineira
A sua divagação, como lhe chamou, quando afirma "não pode ser duas coisas ao mesmo tempo", faz lembrar os metafísicos da teoria do Ser e do Não-Ser.
Parmênides concordaria consigo, certamente.
Prefiro "panta rhei".
Não me parece Cabecinha, aquilo não era bem uma afirmação (tinha um ponto de interrogação no fim). Era o que eu estava a questionar.
Eu também prefiro panta rhei, mas normalmente chamo-lhe impermanência, o que é um termo budista que vai dar mais ou menos ao mesmo. Seria Heraclito budista? Usando a sua lógica lá de trás, será a Cabecinha budista?
Então Mofina?!
Chegueeeei. Pois é, às vezes é tão bom ficar a assistir! Sobretudo quando há quem dê as respostas exactas...
Mag e Jardineira:
VALENTES! Desculpem a minha preguiça.
Cabecinha pensadora:
Fique à vontade, este blog está ao dispor e fica enriquecido com a diversidade de opiniões.
Vou apenas rebater amigavelmente duas frases...
Dizer que Deus é a religião é como reduzir a cidade do Porto às suas pontes. Sim, porque a religião é o MEIO que a maioria das pessoas usa para chegar ao Divino.
A «"humanização" do conceito de Deus», é muito mais do que uma necessidade. Por mim, só consigo encontrar Deus nos meus semelhantes. Que fazer? Sou limitada e pastora como o Caeiro...
Abraços
JG:
Vai ver se eu estou no farol da Barra... Lá em cima!
Mofina
Receba os agradecimentos, pela sua gentileza, desta verdadeira "limitada" que por aqui andou a dizer coisas sem ser convidada.
Como a conversa começou a propósito de Deus, crença e religião, deixo as palavras de Natália Correia:
Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na Deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,
Creio num engenho que falta mais fecundo
De armonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,
Creios nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,
Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen.
Um bom fim-de-semana.
Afinal, estamos todos de acordo...
Fico feliz por ter recebido dois belos poemas!
Obrigada e bjinhos.
Ainda cá volto.
Realmente estamos de acordo no essencial, apenas acho que demos sentidos diferentes à expressão "humanização do conceito de Deus".
Não sei com que significado exacto Cabecinha empregou o termo, mas eu tomei-o no sentido de antropomorfismo: imaginar Deus à nossa imagem, de certo modo; encontrar Deus nos semelhantes, ou ver neles o sentido da vida, claro, não é limitação nenhuma, antes pelo contrário, embora eu não chame a isso "humanizar o conceito de Deus".
Mas a questão é meramente linguística, pelo que sem importância de maior; de qualquer modo, deixo o esclarecimento sobre o meu ponto de vista.
Bom fim de semana e um bjinho.
Nestes comentários o jg esteve bem:):)
Enviar um comentário