sábado, 23 de março de 2013

OS DIAS OCULTOS

Henri Valensi


Por não querer repetir os mesmos erros
É que erro
Ao repetir sempre as mesmas palavras

E mais uma pedra na ponta da fisga
Mas não tiro a mão detrás das costas
Isso não
Os pássaros que se danem
Ou que morram de frio

Eu aguento-me sem penas
E com o pescoço nu

Não tenho como agasalhar os olhos
Nem posso esconder os espirros
Que me saem da alma

Esfrego o nariz para evitar a chuva
Já tenho os dedos tortos e a pele seca
Penso que isso são coisas da idade
Mas também penso no esquecimento
Que faz mal e provoca aftas na cabeça

Se não estou com cabeça para nada
Rebusco em todas as caixas
Até encontrar um gato ou um papel
As moedas e os rebuçados também fazem jeito
Para afastar as moscas ou as trovoadas