Gente que passa de um lado para o outro
E volta a passar
Gente que escolhe a roupa
Gente que encolhe a barriga
Gente que olha para os preços
E fica com os sonhos reduzidos
Já não há como voltar a nascer
os braços esticaram tanto
que não cabem nos buracos das árvores
agora é impossível vestir o mundo pela cabeça
e os sapatos ficam apertados no meio do caminho
A vida vai secando pelo pé
Porque não há água para tanta fome
Há pessoas nascediças e que vingam
são elas as desenham as plantas das cidades
as que enchem o mundo com cartazes
as que navegam pelas avenidas
empurrando o tempo para a frente
Às vezes algumas pessoas voltam atrás
Sem conseguirem encontrar os próprios passos
apenas uma moeda caída no chão
tão pequena
que mesmo que não dê para nada
dá para tudo