sábado, 22 de outubro de 2022

AO ENCONTRO DO NADA

Cada vez mais distante do meu próximo,

incapaz para a vida prática

e lenta na aquisição de ideias eficazes,

aqui estou, em abstractas miragens

sem saber o que é o mundo…

cega para tudo quanto é real

e confusa até nas coisas mais óbvias.


Do meu próximo que posso eu saber

se nada sei de mim,

que humanidade é esta que começa pelo fim?


Ao meu lado, uma cadeira,

como a distinguir do meu próximo?


Pensar, é não encontrar coisa nenhuma

em coisa nenhuma.


Qual a coisa que o meu próximo vê

quando julga que me vê?

Não serei apenas uma imagem daquilo que ele quer,

não serei a que se escolhe por engano

mas que coincide com a que é?


De que sou, sou…

e se sou, assim também o meu próximo.

Mas o meu próximo não está comigo

como está a sua evidência.

Como amar uma evidência?

Como se consegue conquistar

para as nossas causas mais bravas?


Nossas?…

As minhas e as de mais ninguém!


Que no mundo só existo eu

e cada um à sua maneira.


quinta-feira, 13 de outubro de 2022