Cada vez mais distante do meu próximo,
incapaz para a vida prática
e lenta na aquisição de ideias eficazes,
aqui estou, em abstractas miragens
sem saber o que é o mundo…
cega para tudo quanto é real
e confusa até nas coisas mais óbvias.
Do meu próximo que posso eu saber
se nada sei de mim,
que humanidade é esta que começa pelo fim?
Ao meu lado, uma cadeira,
como a distinguir do meu próximo?
Pensar, é não encontrar coisa nenhuma
em coisa nenhuma.
Qual a coisa que o meu próximo vê
quando julga que me vê?
Não serei apenas uma imagem daquilo que ele quer,
não serei a que se escolhe por engano
mas que coincide com a que é?
De que sou, sou…
e se sou, assim também o meu próximo.
Mas o meu próximo não está comigo
como está a sua evidência.
Como amar uma evidência?
Como se consegue conquistar
para as nossas causas mais bravas?
Nossas?…
As minhas e as de mais ninguém!
Que no mundo só existo eu
e cada um à sua maneira.