quarta-feira, 12 de maio de 2010

O ÁBACO DO SILÊNCIO

O futuro vai caindo no esquecimento

A verdade é que não consigo poisar os pés

Nem os olhos por muito tempo

Se o faço fico com dores na fechadura

Porque sou uma porta sem cadeados

Uma porta escancaradamente secreta

Que não leva a nenhum lado


O esquecimento é o vigor mais forte dos dias


Cada pé tem os seus terrenos falsos

E as suas areias movediças

Não conheço gesto mais vincado

Do que a mão quando está cansada

E deixa cair o lápis a espada e a rosa


Todos os fusos horários são lentos


Vou apagar as árvores

Que estão por trás dos castelos

Vou pedir a ajuda de um dragão

Já não tenho medo das rocas

Porque os dedos estão habituados

A acordar por si

Quando chegam ao fim da letra z

9 comentários:

Blimunda disse...

Onde tens tu a fechadura? Também quero uma, mas que feche à séria. :-)

Linda, como sempre, este tua visão da inexorabilidade das coisas!

mac disse...

A vida é um pântano,não é?

E quanto mais se luta mais lentos os fusos horários são

Graça Pires disse...

Um texto cheio de ironia que dá prazer ler...
Um beijo.

privada disse...

Então ficaste trancada?
Abre essa porta, salta cá pra fora.

vieira calado disse...

Gostei muito deste poema!

Saudações poéticas

mac disse...

Mofiiiiiiiiiiiiiiiiiiiina! Alô?

Privada, o bacoco disse...

Tira as mãos dos bolsos, então?

* hemisfério norte disse...

pede antes ajuda a uma águia :):)

mac disse...

Mofina, minha amiga
Tão só na solidão comum
Ignora toda a intriga
Esquece todo o jejum

Acorda, vem brincar
canta, ri, salta
Na roda do ocultar
junta-te cá à malta

Menina, cadê? Tenho sôdades.