segunda-feira, 3 de maio de 2010

A MÁQUINA DE DAR AO PEDAL

Vivo como se estivesse na costura
As letras são os meus alfinetes e agulhas
Que vou tirando do cantinho da boca
E alinhavando por aqui e por acolá
Passo as linhas brancas
Pelas casas esdrúxulas e abertas
Onde estou sozinha com os meus botões
Não dou silêncio sem nó
Porque com a tesoura corto a eito
Sílabas a mais do que a medida da bainha
No fim sobra sempre manga e pano
Para começar um outro verso
Com um novo e mais vistoso feitio

Sou uma costureirinha aplicada
As nuvens mais esfarrapadas
Caem-me do joelho até ao chão
No pescoço enrolo uma fita métrica
Com ela meço as coisas sem distância
E fico só com o tempo que cabe numa mão

Ponto corrido ponto concreto
Ponto de partida
Para o dedo que já está gretado
De tanto esquecer e perpassar

Faço um remendo no destino
E alargo a cintura dos lados
Vou fazer um vestido com flores
Nem que tenha de rasgar o equador mais apertado

7 comentários:

mac disse...

Mofina, arranja-se por aí uns calções às madressilvas? Estou tão precisada...

* hemisfério norte disse...

adorei
bjs
(saudades de ti)

privada disse...

Queria uma camisa de folhos para dançar tango

Blimunda disse...

Saia um fato de Super-Mulher faxavor. Às bolinhas amarelas.

Graça Pires disse...

Costureira de palavras... Um poema cheio de imaginação. Um beijo.

vieira calado disse...

Bem pensado este poema.

E bem executado!

Beijinhos

mac disse...

Mofina, preciso de uma madressilva. Se for preciso sem agulha, cai amanhã mas está cá hoje, a rir