Não ouço o que pensa a minha cabeça
Tenho uma surdez afinada pelo toque dos dedos
E toco no escuro pendurada pelas patas
Como os morcegos e as cabras cegas
Lanço ecos que se repercutem
Lá para o fundo dos meus olhos apagados
Os mosquitos por cordas devolvem-me algum sangue
Um RH de uma linhagem mais azul do que positivo
Sei que só os barcos têm lastro suficiente
Para não tombarem dentro do peito dos céus
Se um sol em contramão
Abalroar a proa alta da minha renúncia
Outra serei eu, a que só se ouve por dentro
Sem atlas
Sem corpo
Sem artilharia pensada
Mato o peso ocioso das palavras
Queimo-as em labaredas altas
Em linhas de fogo e atrevimento