Eva tinha uma maçã
A madrasta da Bela Adormecida também
Assim como Sir Isaac Newton
E ainda Guilherme Tell
O tal
Não sei bem porquê
Mas tenho a intuição
De que as maçãs eram todas vermelhas
Eva tinha uma maçã
Que lhe suscitou uma ideia
Eva tinha uma maçã
A madrasta da Bela Adormecida também
Assim como Sir Isaac Newton
E ainda Guilherme Tell
O tal
Não sei bem porquê
Mas tenho a intuição
De que as maçãs eram todas vermelhas
Eva tinha uma maçã
Que lhe suscitou uma ideia
Caminhando na perpendicular dos telhados
Sobe
Dez passos acima do mundo
Até se agarrar aos pés das nuvens
Porque os anjos, esses, têm cócegas
E asas pesadas como o sono
Vai limpar a fuligem das chuvas
Alguma coisa tem de ser pura nestes dias
Alguma coisa tem de renascer
E até prova em contrário
Os gatos merecem toda a minha consideração
Despenha-se a rocha desnuda
Acaricia-a a sinuosa mão eólica
Com um murmurar de pele
Lábios de vespa amorosa
Angular permanece a pedra
No cúmulo suspenso da boca
Anda comigo, põe o céu na mochila
Junto ao pote com doce de frio
Eu levo a vida já cortadinha às fatias
E uma toalha toda feita de chuva
Para estender no abrigo de pássaros
Vamos passear olhando pela janela
Pedir boleia às meias de lã
A partir de agora, sabes bem
Os barcos estão bem guardados
Todos cobertos em papel de rebuçado
Podemos fazer e desfazer
Dançar palavra por palavra
Ou esquecer
Leva-me, sou nó quase solto
Na ponta do lenço esvoaçado