quinta-feira, 21 de junho de 2012

O BULE



Vou beber um chá de algodão
Pode ser que faça bem
À bigorna do ouvido direito
Já que o esquerdo se deita na almofada
Sem querer saber de nada
Porque de nada adianta saber de tudo
Nem das abelhas picantes
Que estão escondidas nos relógios de corda

Um chá de água bem seca
Também deve acalmar as erupções cutâneas
As dermes e epidermes dos lençóis
As glândulas sebáceas dos dias inteiros
Das metades de um limão inspirado

Mas o melhor chá é de música verde-orvalho
Arrancada à raiz das madrugadas
Cura o cansaço das montanhas
Faz crescer o chão as portas e as ideias

Ainda assim
Nada que se compare ao chá de pedra
Saboreado com uns pingos de sol
Os suficientes para fazer nascer
Um arco-íris no céu da boca

3 comentários:

vieira calado disse...

Um poema bem, urdido, cheio de imaginação!

saudações poéticas!

vieira calado disse...

É muito interessante este poema sobre chás!

Beijinhos

* hemisfério norte disse...

quanto a mim
, que não sou bule
, o chá deve ser preto
sem buracos
ou água benta
com açúcar
e
sem menta

nunca optei pela pedra
a.penas
para poupar o rim