sexta-feira, 31 de julho de 2015

DESTROÇOS DE LUZ

Paige Bradley


Anda cá poema, tenho de te agarrar
nem que seja a viva força
pelos cabelos ou pela língua,
tenho de te fazer falar
quero que digas tudo por mim
que me expliques o que não sei...

Vá lá, solta-te, não sejas esquivo,
dou-te papel e o meu ouvido
não te ponhas é com lamentos
para isso já me basto
preciso é de outras armas
de uma imagem bem afiada
própria para arremessar contra a luz
que me anda por aqui
dentro desta pedra destroçada.

Poema vem à deriva
quero-te afogar por inteiro
para que entres por um olho
e saias na porta furiosa do mar.

Não me dês tréguas nem compassos,
que o teu rumor não me deixe sufocar.



3 comentários:

Anónimo disse...



ao que o poema, humildemente, responderia:

faça-se à vida menina
dê ao pedal, dê ao queixo
e por favor não me afogue
não sou Nobre nem Aleixo

sei que ideias não lhe faltam
nem conversas a preceito
e ao miolo das pedras
corte-as todas, sempre a eito

a.

Mofina disse...

Falta-me uma rebarbadora a preceito..

Graça Pires disse...

Um belo poema sobre a relação poeta/poema.Como se as palavras fossem escassas e esquivas...
Um beijo.