Dizem que estou viciada na Internet. Talvez, mas de uma forma peculiar. São as pessoas, no seu despojado anonimato, que me fascinam e me incutem uma profunda curiosidade em relação ao meu próprio Ser. Aqui, no lugar das palavras públicas, dos desabafos colectivos, tudo acaba por ficar reconfortantemente íntimo. E eis o paradoxo: A verdade é a que mostra ou se esconde?
29 comentários:
Nem uma nem outra. A verdade pura e simplesmente não existe.
Melhor, existe até aos 10 anos de vida.
Estás viciada?! :) (o que estarei eu!)
Dentro e fora da net só nos safamos se formos capazes de ler nas entrelinhas, no que fica por dizer, no que está por trás do que se tentou dizer. Mas desta vez tenho que concordar com o jg, a verdade já ficou lá para trás há muito tempo.
Se queres que te diga nem me importa. A verdade é uma boa desculpa para a prepotência.
Bjinhos! (não é que agora me esqueço sempre de deixar bjinhos às pessoas?! - Porque será?!)
Fui eu, escrevi uma data de erros :P
Agora já não me lembro do que queria dizer...
Deve ser senilidade...
Caramba, topaste o deslize, jardineira? Máscaras complicadas de gerir...
Não há verdades absolutas.
Incluindo esta.
Logo, a verdade pode existir.
rs rs deixa lá somos as duas umas patinadoras deslizantes!
Julgo que é a duas. A que se esconde e a que parece revelar-se.
Bjs
Mas qual verdade? A que serve a nós próprios ou aos outros?
Existe no teu post uma verdade (já que assim se determinou chamar-se claro que relativa, todas o são! O entrelaçar de conteúdos mentais e sentimentais daquilo que cada um destes anónimos representa para cada um dos outros os acolhem.Esta é a minha verdade metafísica neste preciso momento. Daqui a 2" pode deixar de o ser!
No meu comentário anterior comi um ")" e um "que". Agora, sff ponham-nos no sítio que eu vou ver se como alguma coisa de jeito e se tomo um cafézito!
Foste virtualmente atingida por um alho :P
Será uma virtual verdade ou uma real fantasia?
E agora sim, vou regar que precisa! ;)
que não, quem
quem não - o que
ou
aquilo que
Máscaras?
Colecciono-as. Todos os dias, tenho o meu carnaval de veneza.
Sou firmemente heterosexual. E esta é uma máscara que já uso há tanto tempo e com tanta regularidade que, por vezes, até chego a esquecer-me de a tirar à noite, para dormir, e tenho sonhos molhados com mulheres.
Não gosto de flores. Esta é uma máscara fácil de interpretar. Tenho um jardim escondido do resto da família. Os meus tios dizem que gostar de flores não é para homens. Ainda assim, o jardim que cultivo permanece vigoroso, mas secreto.
Sou sempre simpático. Esta não é uma máscara fácil de manusear. Por vezes, apetece-me mesmo espancar certos funcionários públicos que teimam em não interromper as suas conversas de salinha para me atender.
Sou sempre inteligente e eficaz e perfeito. Ninguém quer ser o contrário. Toda a gente é o contrário, mas ninguém quer ser o contrário. Por isso, usam todos esta máscara.
Afinal de contas, porque uso máscaras?
Tanto na biosfera, como na blogosfera, a razão é a mesma. Interpreto personagens, ou oculto partes da minha verdade, porque quero agradar o outro.
E o outro dá-me mensagens subtis, ou explícitas, do que espera de mim. E por isso, a vida de cada um de nós é, desde cedo, um palco de representações. Consciente disto, a vida torna-se insuportável. E pode conduzir ao suicídio.
Se eu mandasse tudo e todos à merda, como de facto é meu desejo, ficaria em paz comigo mesmo, mas trairia a amizade, o amor, a aceitação condicional que o outro me oferece.
Portanto, a vida é simples. Não passa de um negócio em clima carnavalesco.
Chamas 'aquilo' às minhas plantinhas?!! Como se as pobres não tivessem... não tivessem... ups... enfim qualquer coisa para merecer um 'quem'
(bolas, deve ser mesmo senilidade)
Bem, como deves imaginar, o anónimo um minuto antes de mim não sou eu...
Já agora, permites-me dar uma dica ao anónimo antes de mim?
Anónimo está-te a faltar uma coisa muito importante. Ela resume-se a uma frase que li, já não me lembro onde, há algum tempo: 'Love takes out the masks we tought we couldn't live without, and we knew we couldn't live within'
Belive it or not, that's up to you.
Sorry Mofina.
Bem me parecia que não devia ter comentado.
Mofina, por favor, poderias remover o meu comentário (o anterior (20:22) e este)?
Obrigado, Mofina.
Ena tantos!!!
Olha eu também já passei por uma fase de um certo quase vício, mas agora estou na fase oposta, sobretudo em relação a blogues: acho que se fala muito (em geral) para se dizer muito pouco, acabando-se por perder demasiado tempo que pode (eventualmente) ser melhor empregue.
Quanto à verdade que se mostra ou se esconde, também na vida real nunca se diz tudo a toda a gente, o que não significa dupla personalidade.
Continua com o teu vício; eu continuo com o meu desencanto; irei passando, mas mais raramente.
Bjinhos.
Ah que simpático, e eu fico a falar sozinha, não é?! Também já não era a primeira vez.
Magri, se a gente fala é porque precisa falar, não é? Nem que seja para dizer asneiras. Também é preciso dizer asneiras.
Bem Mofina, cá estou eu outra vez a responder aos teus comentadores, se for desta vez que me correres à vassourada eu compreendo... (rabinho entre as pernas)
'que me correres'? A Magri tem razão, já está na hora de dormir.
Fui.
Anónimo, desculpa lá, mas não sou eliminadeira. Quem quiser, que se auto-elimine.
"eliminadeira"...eh! eh!... só tu para me fazer rir...
Auto-elimino-me, pois estão.
Faço vénia à única pessoa que teve o bom senso de me dar tamanho bom conselho.
Se te eliminasses, anónimo, era só prejuízo para mim, coitada, porque ficava com menos comentários. Please...
Agora, a sério: FAZES FALTA. A TI PRÓPRIO, ESSENCIALMENTE!
:)
That was very kind of you!
Há quem diga que a blogosfera é um universo de «solidões ilusoriamente partilhadas», com a agravante de serem «publicitadas». Certos analistas, sobretudo sociólogos, apontam na blogosfera um traço comum, novo no domínio público de grande escala: a «tematização do eu». Se pensarmos bem, até um blogue altruísta e didáctico como o «dias-com-arvores» é egocêntrico. Quando interpelei o autor para lhe agradecer o seu contributo na minha aprendizagem, ele não hesitou em responder-me que não era esse o seu objectivo e que eu não tinha nada a agradecer. Que a minha aprendizagem é mero efeito colateral, e nunca o blogue existiria se não fosse por dar prazer a quem o faz. E que esse é o verdadeiro móbil da acção.
Quando li a expressão «solidões», não pude deixar de me identificar e sentir culpado por tão fútil minha opção compensatória. Mas qual a diferença entre conversar com alguém presencialmente e comunicar com alguém através de um blogue? Comunicação é comunicação. Os psicólogos e psiquiatras avançaram de imediato que a blogosfera, quando não obssessivo-compulsiva, tem salvo a vida de muitos solitários suicidas que, através dela, conseguem criar laços de amizade e, até mesmo, de dar passos importantes numa re-aproximação ao outro e no re-equilíbrio da sua saúde mental.
Portanto, opiniões contra opiniões. Cada caso um caso.
Mas tal como tu, Mofina, também não posso deixar de me maravilhar com este universo, que descobri há muito pouco tempo, mas que passou a fazer parte do meu dia-a-dia.
Para quem esteja fisicamente isolado, ou até mesmo para quem esteja mentalmente isolado (e me parece que o meu caso, e muitos outros, tem ambas as características), a blogosfera é aquilo que um outro cientista confirmou ser como a «verdadeira aldeia global», finalmente concretizada após tantos anos falando da intercomunicação e interdependência universal entre todos os indivíduos do planeta.
Pela blogosfera, já tive vizinhos do outro lado do atlântico. Nunca os teria conhecido se não fosse este instrumento. Aliás, a minha vida passada já tem um historial de partilha de objectos, como CDs, livros e brevemente bolbos de flores, com pessoas reais através deste mundo que de virtual tem pouco. E tenho ouvido histórias, inclusivamente de amizades e amores surgidos da comunicação blogosférica. Se pensarmos bem, os eurogramas - telegramas/cartas que os ex-combatentes da guerra colonial escreviam e trocavam com as suas incógnitas madrinhas de guerra - não eram diferentes. Muitos dos casos de eurogramas terminaram em casamento: e eu conheço alguns, aqui mesmo, perto de mim.
Mas se este veículo comunicativo tem desvantagens e limitações (exposição da vida privada, identidades fraudulentas, anonimato sem punição de comentários ofensivos, etc), como qualquer outro, não deixa também de ter algumas mais valias específicas. Uma delas é a intimidade de que falas, Mofina.
A intimidade, que quase espontaneamente surge na blogosfera, deve-se, naturalmente, ao anonimato, não só porque este permite que cada um se exponha sem uma imagem social a defender, mas também porque expostos, os anónimos encontram mais facilmente outros anónimos com iguais interesses e percepções.
Relativamente aos conteúdos, há-os informativos, outros meros desabafos, ou ainda escrita criativa para um leitor indefinido. É nos comentários que o registo de opinião gera, muitas vezes, reacções agressivas, não raras vezes ofensivas que levam os autores de blogues a abandonarem a blogosfera ou a utilizarem mecanismos de controlo como a «moderação de comentários».
Pessoalmente falando, me parecem que as opiniões são isso mesmo - opiniões.
Enquanto veículo de relacionamento, enquanto realidade relacional, tomo para mim a conclusão de que nada mais tenho a dizer, que a vida é suficiente em si, e que viver não carece de acção opinativa.
Assim, um blogue pode ter coisas simples, apenas, como aquelas que comungam da vida diária, algumas impressões partilhadas, também, certamente. É isso que fazemos com os amigos e conhecidos que nos rodeiam. Contudo, discussões sobre temas, como sucede no programa televisivo «Prós-e-Contras», começam a dar-me uma enorme vontade de dormir...como dizias tu, num post lá muito atrás no tempo...
Convido-te a seguires o meu profile (até à montanha). Vou experimentar relacionar-me blogosfericamente
com o menor número possível de opiniões.
Sabes, Sabem, reparei, recentemente, que opinar é uma artimanha da sociedade contra o indivíduo. Ou seja, ensinam-nos a dar e a ter opiniões, mesmo sobre coisas que não têm qualquer necessidade imediata no quotidiano de cada um, para, depois, o responsabilizar e culpabilizar. Normalmente, quando nos perguntam uma opinião não gostamos de "ficar mal vistos" e procuramos dar o melhor produto da inteligência e da cultura adquirida por nós, mas raramente alguém diz (aliás, eu ainda só ouvi uma vez): «Não tenho opinião e não preciso ter opinião.»
Viva a blogosfera!
(q.b./com moderação)
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