No recato asseado dos domingos, ele apareceu a cambalear, vindo não se sabe de que outros obscuros quotidianos. Deixou-se cair no banco do jardim e apagou imediatamente, com a cabeça quase a tombar para o colo de uma velhota que, perplexa, não teve como reagir e continuou a tricotar o seu paninho de renda.
Sussurrou: Tem as mãos tão brancas, deve ter saído do seu turno de padeiro!
7 comentários:
Sussurrou para quem?
Para o vento que passa.
Pó branco, vim logo aqui cheirar. A seguir virá o privada, por certo.
Como advinhou? Certinho.
Já ontem cá estive a ler akele assunto sobre a morte, um bocado decartes, nakela historia da alma e da embalagem, a alma k sobrevoa o corpo, só alma
Mas claro para uma discussão a serio precisamos efectivamente de pó branco, pó branco para a viagem, eh pá vou escrever sobre isto
Caramba! Pó branco?! Então agora já não serve uma ganzada de erva? Nããã, no pó não me meto, tenho medo das alergias, pá. É que voçês nem imaginam o que uma alergiaziata ao pó vos pode fazer aos olhos. É que fica-se mesmo curto de vistas e depois? Quem é que tem estofo para filosofar?
Sussurou para o vento?!? Quem tricota não sussurra para o vento, Saphou.
E não me parece que a velhota estivesse tarouca, tão pronta a justificar o coitado sabe-se lá a quem...
Se não andasse com tanta preguiça contava-te a história de um, não coberto de pó branco, mas de uma camadinha preta que denunciava falta de água e sabão há meses, que ontem me pespegou um beijo no cabelo, depois de indagar se eu estava feliz, e se Deus estava a olhar por mim.
Eu não fugi, como instintivamente me apeteceu. Ele não me pediu dinheiro, nem me chateou. Deu-me um beijo não autorizado tipo bênção paternal, e foi-se embora feliz.
Mankind is no Island
Delicioso o texto!
Um beijo.
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