quarta-feira, 16 de setembro de 2009

COBERTOR DE ESTRELAS


Ao abrigo de um decreto-lei

Não devia haver nenhum sem-abrigo

Mas todos nós ficamos abandonados à intempérie

Dos espaços amplos e sem fim

Que se têm de percorrer de um lado para o outro

Sempre

Para estar a par das novas avenidas

Das novas super-novas que nos cobrem

O corpo de papel e de cartão molhado

Todas as palavras ficam frias

Quando cai o relento

4 comentários:

Blimunda disse...

Criações de Outubro?

saphou disse...

Mofina, um poema inoxidável, quero com isto dizer como meu amigo carro velho, brilhante. Adorei.

Graça Pires disse...

"Todas as palavras ficam frias
Quando cai o relento"
Muito belo!
Beijos.

* hemisfério norte disse...

....
enquanto passamos
enquanto fingimos
enquanto cegamos

por vezes, por vezes até tentamos não respirar, pelo odor

enquanto passamos
enquanto