domingo, 25 de outubro de 2009

PEDRA ILEGÍVEL


O medo ata as mãos
Mata o coração
Porque não mergulha nem salta
Fica
No limiar das portas
Enquanto toda a urgência se adia
Tanto por serenidade como por cobardia

O medo transgride o próprio pensamento
Que só se compromete para se mostrar isento
E para parecer que não se atrela
À liberdade pré-definida na tabela
Tão periódica que faz buracos no tempo

O medo desfaz a palavra
Escrita à medo na areia
Mas nesse cálculo já desmedido
Vence mais a vontade do que o perigo

10 comentários:

DD disse...

De que tens medo, Mofina?
Não respondas zangada. Fala a sorrir, assim é mais fácil para todos.

* hemisfério norte disse...

aFASTo o MEDO
e saio
das areias
movediças
e
os buracos do tempo são tapados com palavras de pedra

sobre viv entes

bj
a.

A Magia da Noite disse...

é preciso encarar os medos e não deixar de repetidamente, escrever a palavra, para afugentar os nossos maiores temores, a persistência levar-nos à a bom porto.

Elcio disse...

Intenso como o poema q faz parte de uma musica de Chico Buarque...aqui, parte dele:

"[]Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa
Mas meu peito se desabotoa

E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa"

É isso aí.
Bjs e ótima semana.

Blimunda disse...

O medo desfaz a palavra
Escrita a medo na areia


O medo contra medo fará o mesmo efeito do focontra fogo?

Blimunda disse...

Leia-se do fogo contra fogo.

mac disse...

O medo hipoteca a vida.
E o pior de viver uma vida hipotecada é que a morte nos parece o que não é.

mac disse...

A propósio, Mofina, bela obra. Quero mais!

saphou disse...

Bela obra, muito melhor do que a daquele cujo nome não pronuncio, mas acho que sei quem...
Escreves de uma forma que toca e marca. Adoro.;)

saphou disse...

Vinha fazer uma brincadeira e já não fiz, eu vivo tolhida pelo medo, as palermices são para o enganar.