
o Sol duro desta idade
sem mãos
a cair para dentro
do Universo...
Não me falte a voz
para enumerar o caos
desta ordem desmedida...
Não me falte a inspiração
para o impossível
das coisas mais irrealizáveis,
nem para o absoluto desafio
dos meus gestos insubmissos...
Não me falte o balanço
para lançar no ar a ousadia
de estar presente
mesmo nos dias mais difíceis...
Não me falte a permanente dúvida
para saber verificar as minhas certezas...
Não me falte o tempo
para que eu possa faltar...
Não me falte o movimento
que me faz ir em busca desse nada
que está por toda a parte...
Não me falte a lucidez
com que forjo a loucura das palavras
coerentemente absurdas...