Porque é preciso despachar os poemas num instantes
Antes que eles murchem e se partam pelas asas.
É preciso empurrar os olhos para a frente
Em direcção aos filhos que estão por abrir,
Para que eles atravessem de novo as pontes
Que estão agora a ruir pelo peso do nosso sono.
E as palavras todas a pingar pelas paredes abaixo
Como se fossem chuva disparada por canhões de guerra
Que não se podem render diante de um silêncio obrigatório.
É difícil abrir passagem por entre os pensamentos apertados,
Há instantes em que nem uma clave de sol
É capaz de entrar no buraco da partitura.
Ninguém pára porque os olhos estão sempre verdes
E os cruzamentos são lugares de velocidade máxima
Com as árvores e as girafas todas em contramão,
Os cruzamentos são esquinas redondas
Onde os polícias e os larápios atacam ao pôr-do-sol
Vestidos com as mesmas fardas e os mesmos apitos.
Já há não como distinguir as palavras umas das outras,
Todas as batalhas são geometricamente iguais,
Com as mesmas medidas e as mesmas sílabas tónicas.
Custa a acreditar, mas ninguém sabe a idade do tempo
E ainda que se façam múltiplas equações
Não se há-de encontrar o comprimento do futuro que falta
Porque tudo é eterno como a numeração romana.
2 comentários:
...à esquerda.
adorei! Bué de urbano e actual, adorei!
"E as palavras todas a pingar pelas paredes abaixo,Como se fossem chuva disparada por canhões de guerra"
Grafitis?
Adorei
e as arvores e as girafas em contra mão, ei Mofina ta demais
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