A locomotiva fuma a terra até aos ossos,
vai acelerada e negra
girando em volta dum poço aberto
preste a descarrilar das calhas do sentimento,
preste a engolir o fogo do universo.
A locomotiva arde na luz do horizonte,
tudo é mar e o seu inverso,
lucidez negativa
a boca altiva, fornalha de futuro.
Pouca vida, pouca vida…
Gosto do teu sabor a ferro,
Gosto do teu saber a excesso.
Velocidade apagada,
nunca alcanço o que penso
porque vivo nas curvas do infinito.
Dentro da fala arde a lenha
desta pressa
desta viagem acesa.
A locomotiva entra no túnel da garganta
para gritar o nó mudo
do mundo cego.
Tudo é mar e o seu regresso.
Pouca água, pouca água…
Quero chegar
Quero viver fundo, até aos ossos.
2 comentários:
Um belo poema onde a vida está em primeiro plano.
Um beijo, amiga.
Gosto
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