sexta-feira, 2 de abril de 2021

O LACRE INVIOLÁVEL DAS PALAVRAS

As janelas abrem-se para arejar as casas pela manhã

A morte universal, histérica até à ponta dos cabelos

Já não se aguenta mais o significado nauseabundo das palavras 

Ainda que seja verdade que as mulheres falam muito 

Falam para arejar, pois era sabido que nos fins dos tempos

Iria ser assim, com a invisibilidade de um deus que enlouquece

Por não existir, por não conseguir ouvir os segredos das mulheres 

Que falam alto, histéricas, sempre histéricas, como o amor

O amor que não sai, mesmo que se puxe a tosse do fundo do peito

1 comentário:

Jaime Portela disse...

Falar para arejar... ora aí está uma explicação para as pessoas muito faladoras, fazem-no por falta de ar...
Um poema impressionante, para ler e reler, tal a profundidade da abordagem.
Boa semana, querida amiga Regina.
Um beijo.