Agora, precisamente agora,
Neste milímetro quadrado do esquecimento,
Um pneu Goodyear esmaga o firmamento
E a Palestina treina os seus argumentos de pedra
Um bom filme de acção começa no deserto
Moisés liberta-nos com uma metralhadora
É a Lei gravada a ódio
De todos os diamantes de Angola
O Muro derrubado
Ocidente de alta tecnologia
De todos os lugares do mundo, Moisés
Agora, precisamente agora
Começa toda a história
Sem paralelo 38
Norte e Sul de um cenário televisivo
E é preciso correr até à meta prometida
Rambo contra o seu duplo
A bala calibre agudo alojada na alma
Uma ciência lascada no sílex
Ter e haver ainda nada
Ruanda dos nossos safaris mais cruéis
O homem à solta com as suas mandíbulas e garras
Talvez o golpe de misericórdia,
Neste deserto franco-atirador
O tempo cortado no último take
Plano americano, olhos nos olhos
Como sempre sobrevive-se a tudo
E nada falta neste deserto
2000 (um “agora” já antigo)
7 comentários:
Falta amor nesse deserto.
Este foi o resultado de uma grande noite de pesadelo, não?
Ou então uma imaginação fértil em estado febril.
Maria Mofina, abre-me essas gavetas uma por uma que é um crime mantê-las fechadas.
Ainda te mando a polícia a casa com um madado de busca.
Infelizmente, este "agora já antigo" (de 2000), continua bem actual, e nada faz prever que esta situação mudará num futuro próximo.
E tudo porque cada parte se julga dona da terra e da verdade; de cada lado, um deus intolerante e dogmático, criado pelos homens à sua imagem e semelhança, e em nome do qual se perpetuam as "guerras santas"...que não são exclusivas deles...
Podes crer, sobrevive-se a tudo, sempre a mais do que se imaginou. Embora às vezes se vá morrendo aos poucos pelo caminho...
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