terça-feira, 31 de agosto de 2010

OS ABRUNHOS

apresento queixa contra este açúcar veemente
contra estas abelhas azuis que picam os abrunhos

contra esta idade aberta ao ritmo do galope

contra o precipício que aparece sem aviso

caindo para dentro de outro céu, de outro grito


as cadeiras morrem e sonham e bocejam

e batem o pé

e partem-se porque estão derreadas de tanto sol

porque queimaram os braços com tanto mel

porque já não podem com tanta eternidade


não sei como as árvores não se desfazem no chão

talvez a única técnica de sobrevivência seja a morte

talvez o próprio sol precise de raízes para não apodrecer

6 comentários:

mac disse...

Gosto!

Graça Pires disse...

Gosto muito de abrunhos. Os pássaros também gostam deles. E eu gostei do poema...
Beijos.

Guilherme Monteiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Guilherme Monteiro disse...

Parabéns pelo blog, gostei imenso!
Guilherme Monteiro
http://guilherme10monteiro.blogspot.com

vieira calado disse...

Este é um género de poesia que eu muito aprecio!

Bom fim de semana.

Saudações poéticas

mac disse...

31 de Agosto?!?

Mofina, atão, apetece-me melancia, vá lá...