Uma máquina de lavar roupa é mais útil do que um poema.
Aliás, tudo é mais útil do que um poema.
Por exemplo, uma faca serve para cortar o pão,
um poema nem serve para cobrir o coração.
Além do gesto, não devia existir
outro tipo de comunicação.
Os peixes têm mais profundidade
do que a alma cansada dum poeta.
Os poetas são pesados,
têm mãos e lábios de morte.
Os poetas são achatados
como as mesas e os livros.
Devíamos ter ficado pela descoberta das pedras,
pelo cheiro húmido e geométrico da terra...
Mas passámos além do erro
e assim chegamos à angústia.
Os poetas deviam estar
debaixo duma malga, como os pirilampos.
Um poema é sempre uma coisa metálica,
é uma exclamação aguda e insuficiente,
uma maneira de transgredir e confrontar...
Um poeta é como um jogador
que atira a sua fala, até à raiz da dor.
Um poema é sempre inútil,
mas por ser inútil, é que é poema...
P.S.: O Funes é que tem razão.
7 comentários:
Eu não acho o poema inútil;
A poesia é o suor do espírito
E o suor é muito útil.
Lá porque entrou na caneta
Não se torna coisa fútil.
Não é só belo, um cometa.
Para que precisamos nós de utilidades quando a vida é inútil do princípio ao fim? Que venham as inutilidades!
Tarda nada, tens uma manif à porta.
Basta que as máquinas de lavar louça leiam esta postagem.
Devias ter dito que a poesia alem de queimar o cérebro a quem a produz, queima pestanas a quem a lê e desvasta hectares de eucaliptais das nossas florestas, para gerar peso morto nas nossas prateleiras.
Não compreendo. Fazes postagens de treta e rendem-te carradas de comentários, fazes uma postagem de jeito e niguém te liga...
Tal como noutros meios de comunicação, o pessoal quer é sangue, sexo, e futebol.
jg, faça um estudo sobre artigos publicados e respectivos comentários... Pode ser em 4 ou 5 blogs apenas. Verá que existe de facto uma certa relação mas não é com sangue, sexo, ou futebol.
Mofina, é mesmo uma evidência. Voltei aqui de propósito para reler.
Picou-te foi o bicho da preguiça. Só te desculpo porque tb ando morta por preguiçar.
Portanto vivam as inutilidades.
belo jogo de sentidos!!!
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